Número de passageiros de voos comerciais na Base Aérea de Canoas mais do que dobrou entre maio e agosto

Mesmo em cenário com limitações impostas pela interdição do aeroporto Salgado Filho, a movimentação na malha aérea da Grande Porto Alegre apresentou crescimento ao longo da operação emergencial motivada pela enchente de maio. O número de passageiros que circularam pela região por via aérea em agosto é 2,5 vezes o total transportado em maio, mês marcado pelo início dos voos comerciais na Base Aérea de Canoas.

A operação no município da Região Metropolitana começou no fim de maio, portanto, pegou apenas uma fração daquele mês. No entanto, o dado de agosto também aponta alta expressiva ante junho e julho.

Mesmo com esse salto, porém, o total de pessoas transportadas na região segue 84% abaixo do observado no mesmo período do ano anterior. Setor de viagens aponta que o avanço apresentado nos últimos meses reforça a demanda pelo serviço e aumenta as expectativas para o retorno do principal terminal do Estado.

Dados do Painel da Reconstrução, do Grupo RBS, com base em informações do banco de dados da Anac, mostram que 110.250 passageiros foram transportados na Grande Porto Alegre em agosto deste ano. Esse volume é 148,14% maior do que o registrado em maio. Ante julho, está 49,96% acima.

O levantamento aponta que essa alta ocorre em um ambiente no qual o número de voos disponíveis também aumentou, atendendo a esse avanço de demanda. Em agosto, foram 652 voos na Região Metropolitana — 231 a mais em relação a maio.

Para apurar dados de pousos e decolagens em Porto Alegre, o levantamento considera informações da operação em Canoas, onde os voos comerciais ocorrem sob esquema emergencial.

O presidente da Associação das Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado, afirma que essa alta observada nos últimos meses mostra que existe demanda aquecida por voos em Porto Alegre. Desde maio, houve aumento do número de voos e a procura seguiu crescendo, criando uma disputa por lugares, segundo o dirigente:

— Lá em maio, a gente teve zero passageiro em alguns dias. Depois, passamos a ter, no primeiro momento, cinco voos, que rapidamente foram preenchidos. Com o passar do tempo isso foi aumentando e hoje tem datas que não tem nenhuma disponibilidade nos voos.

A retomada, ainda que parcial, da operação do aeroporto de Porto Alegre, permitirá elevar significativamente a oferta de voos. A Fraport, empresa que opera o terminal, reforça que, a partir de 21 de outubro, o Salgado Filho terá capacidade para até 128 operações diárias. No entanto, afirma que o número exato de voos depende das companhias aéreas:

“Para 21/10, a pista de pouso e decolagem reduzida (1.730m) estará pronta para receber voos domésticos, com operações ocorrendo entre 8h e 22h. No momento da retomada parcial, a capacidade será para atendimento de até 128 operações diárias. O número exato de voos depende também do planejamento e estratégia de cada companhia aérea. Hoje, em média, a Base Aérea recebe 22 operações diariamente”, diz trecho do comunicado.

Patamar segue abaixo do ano passado

Mesmo em alta nesses quatro meses de operação emergencial, o volume de passageiros captados em agosto deste ano está 84,36% abaixo do total da circulação no mesmo mês do ano passado (705.062). Somando-se o acumulado de maio a agosto deste ano e comparando-o com o mesmo recorte do ano passado, a queda fica em 89,76%.

Porto Alegre registrou 594.812 passageiros a menos em agosto deste ano na comparação com o mesmo mês de 2023. Já os outros oito aeroportos da malha emergencial registraram um acréscimo de 155.451 clientes no período. Ou seja, ainda longe de suprir a perda de passageiros do terminal da Capital.

O presidente da Abav-RS afirma que a demanda atual, que segue aquecida, ajuda a projetar avanço importante no movimento do terminal da Capital após a reabertura parcial, programada para o dia 21 de outubro. Mesmo que de forma gradativa, existe espaço e procura para recuperar patamares de voos observados antes da inundação, conforme Machado:

— O ano passado a gente já viu uns números bons, não era 100% da ocupação nas aeronaves, mas era um número bem alto. E como as tarifas vão estar mais baratas, esses voos vão ser preenchidos e os nossos números vão crescer.

Duda Fortes / Agência RBS

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